segunda-feira, 15 de abril de 2013

Resistência à ditadura militar marca arte nos anos 60 e 70


Artistas de Recife e Olinda formaram pólos em defesa da produção artística local, como o Grupo da Ribeira
A sobrevivência da arte em tempos difíceis. O quinto fascículo da Coleção Pernambuco Imortal Cultura - e o segundo de artes plásticas, que o Jornal do Commercio encarta amanhã, lembra como o olhar contemporâneo da arte foi se firmando pouco a pouco. O eixo Recife-Olinda é o ponto forte do período que abrange as décadas de 50 a 70. Com a implantação do regime militar no País, os artistas transformariam os ateliês em verdadeiros focos de resistência da expressão do belo. No lugar de armas, pincéis e, em vez de faixas e cartazes, telas que expressavam o sentimento comum na época.
Revelando como o centro de produção das artes plásticas se consolidou entre as duas cidades e o crescimento do número de galerias e/ou espaços de ensino da arte, o fascículo dá um exemplo de como esses acontecimentos contribuíram para que se criasse um espírito crítico que preparasse terreno para encarar as artes plásticas em nosso Estado de forma muito mais séria.
A resistência de alguns artistas, conhecidos por formarem o Grupo da Ribeira, que transformariam compartimentos do Mercado da Ribeira em ateliês, ilustra bem essa passagem. Entre eles, Adão Pinheiro e João Câmara. “Aos poucos, esses artistas foram criando grupos, discutindo arte e não deixando que o trabalho de resistência e expressão morresse. Surgiram vários em Olinda, como o Ateliê 154 e, posteriormente, o Ateliê Coletivo de Olinda”, lembra a professora de História da Arte da UFPE, Marilene Almeida, que ajudou a pesquisar o material, apoiado pelo Governo do Estado.
Foram quatro meses de estudos sobre uma época bastante conturbada que preparou as duas cidades (Recife e Olinda) no campo artístico e chegou a colocá-las entre os maiores pólos de arte contemporânea do Brasil. “O mais difícil foi sintetizar as informações e não adquiri-las. Encontramos muitos fatos interessantes e o assunto era empolgante. Fomos peneirando e tivemos que orientá-los de forma didática”, explica o artista plástico e pesquisador Raul Córdula. O fascículo, além de explorar os primeiros movimentos de vanguarda no Nordeste, acontecidos no Estado, prepara o leitor para a Arte Contemporânea, tema do próximo número.
Jardim Cultural banca o seu próprio sucesso
Festival realizado com o apoio da iniciativa privada reuniu em média 40 mil pessoas por noite para ver nomes como Leonardo e Cidade Negra
JOSÉ TELES
Enviado especial

BELO JARDIM – Uma média de 40 mil pessoas têm comparecido ao projeto Jardim Cultural, que se realiza pelo segundo ano em Belo Jardim, a 187 km do Recife. Na primeira noite do evento, quinta-feira, o público chegou a 50 mil pessoas, para assistir ao show do sertanejo Leonardo, com abertura de Flávio José e bandas locais.
Na sexta-feira, o Cascabulho antecipou as músicas do disco que está preparando, com o show Caco de Vidro Puro. Foi uma prova de fogo para a banda, já que as novas canções eram desconhecidas do público. Agora com um som mais encorpado, ao qual foram acrescentados toques de candomblé, a cargo de Guga Santos, pífanos e flautas. Kleber Magrão, que assumiu os vocais, intercalava as composições inéditas com clássicos de Jackson do Pandeiro (17 na corrente, de Edgar Ferreira), roda de coco e versões para Feira de Santana, de Tom Zé. O show foi dedicado ao patrono do grupo Jackson do Pandeiro, que completaria naquele dia 82 anos.
Embora um pouco prejudicado, por o som de palco às vezes embolar, os graves abafando os outros instrumentos, o Cascabulho mostrou que está no caminho certo e conseguiu dominar a platéia, já bem numerosa quando entrou no palco, às 22 horas.
Quando o cidade Negra foi anunciado pelo hiperativo Otto, era quase uma da manhã. A temperatura não ia além dos 15 graus, mas o público não arredava pé. Toni Garrido e sua turma esmeraram-se em mostrar os sucessos da banda, com direito a Onde ela mora (Carlinhos Brown/Herbert Vianna) em tratamento acústico. Estrela, Garrido, logo no início do show, mandou um segurança ao camarote, onde o câmera da TV Guararapes fazia tomadas da apresentação para exigir que a filmagem fossem interrompida.
A noitada da sexta-feira acabou em forró com a banda Brasas do Forró botando o pessoal para forrozar até o dia amanhecer. O festival Jardim Cultura não se limita à parte musical. Há espaço para o circo, cinema fotografia, artesanato, teatro e dança.
GRANA – Milton Santana, coordenador do festival ressalta que o projeto é realizado sem recursos do Governo do Estado. Os custos, estimados em R$ 1,2 milhão é bancado por grandes empresas, entre as quais Petrobras, TIM, Peixe, Bompreço, entre outras: “As cidades do Agreste Central ficam bem próximas, então um evento desses atrai pessoas de Caruaru, Pesqueira, Garanhuns, e traz divisas para Belo Jardim. Não quero arriscar número, mas se levando em conta de que 40 mil pessoas comparecem por dia ao festival e que cada uma dessas pessoas consomem um mínimo de cinco reais, já dá para movimentar uma quantia considerável para a cidade”.
Não apenas isso. O Jardim Cultural começa a colocar Belo Jardim no circuito dos festivais, uma prova era que os seis hotéis locais não aceitavam reservas a partir desde o primeiro dia do festival. No sábado, as atrações foram bandas locais, Alcymar Monteiro, Lampiões e Maria Bonita, Otto (que apresentará músicas do seu novo disco, com lançamento previsto para outubro) e Elba Ramalho.
 

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